Cápsula do Tempo... Alô Alô Marcianos!

Maria Luísa faz cinco anos... junto com sua comemoração também eu comemoro cinco anos como mãe.

Grávida eu me sentia diferente, emocionada, feliz, via o corpo e a cabeça mudarem...

Passei pela fase do consumismo de grávida, que deseja comprar tudo e é apresentada a um mundo novo de produtos de todos os tipos, que nem se sonhava existir... Concha de amamentação, pomada anti-rachadura, suporte de banheira e por aí vai...

Passei pela emoção de sentir um ser vivo se mexendo dentro de mim, pela sensação de poder total de estar gerando uma vida, participando da mágica inexplicavelmente bela de criar uma nova pessoa.

Ansiedade no final da gestação, preparativos do quarto, do chá de bebê, das lembrancinhas.

Parecia que tudo estava programado até a ida para a maternidade. A partir da saída dela um mundo novo se anunciava para mim e não havia absolutamente como programar o que viria. Eu não tinha idéia do que me aguardava, emocional e fisicamente (nem empregada eu tinha, e achava que continuaria assim... rs).

Enfim, no dia 11 de abril de 2006, me senti mãe. Não sei se foi seu choro, a ansiedade por tê-la em meus braços enquanto me esticava tentando vê-la nas mãos do pediatra, mas em uma fração de segundos eu me sentia MÃE - me sentia completa em felicidade e ao mesmo tempo incompleta, pois uma vez fora do meu ventre aquele "serzinho" estava pronto para voar, sabia que aos poucos sairia de baixo das minhas asas protetoras e buscaria seu lugar no mundo.

Embora durante todos esses cinco anos venha me preparando e tentando ensinar algo de bom para minha filha, digo, sem pestanejar que mais aprendi do que ensinei... eu aprendi a ser mãe. Vivi e vivo a maternidade intensamente e é muitas vezes com lágrimas nos olhos que observo minha menina crescer.

Ao seu lado vivi todos os marcos do seu crescimento. Não há momento mais especial do que aquele em que você apresenta o mundo a alguém e observa a fascinação desse alguém com as pequenas coisas... as pétalas de uma flor se soltando, a escada rolante do shopping, uma máquina de fazer sorvete, um prédio crescendo e a descoberta do universo.

Agradeço todos os dias por estar presente na vida da minha Lulu e dividir com ela cada conquista. O engatinhar, as primeiras palavras, os primeiros passos, o gosto musical, a ida para a escolinha (e como demorou aquela adaptação... rs), as noites mal dormidas (quando eu achava que nunca mais dormiria uma noite inteira) e por aí vai!

Os "terrible two" foram intensos por aqui, a moça não queria dar a mão quando estava na rua, fugia no shopping (uma vez chegou a gritar socorro quando o pai foi resgatá-la de uma corrida no shopping). Mas com pulso firme e muito amor vencemos essa fase. Acho que o segredo da educação é este. Manter o comando do leme, sempre, sem deixar de lembrar à criança que ela é muito amada.

Hoje, aos cinco, Lulu é menina das mais carinhosas que conheço... Me chama de linda todos os dias, diz que não quer ficar velhinha, pois não quer ir morar sozinha. Ela quer morar sempre com papai e mamãe. Nesses momentos digo pra não ter medo, pois estarei sempre com ela, sempre velando seu sono, onde quer que eu esteja!

A fase atual é de descobrir o mundo a sua volta... Lulu descobriu o universo e viaja pelos planetas, quer sugar toda e qualquer informação sobre a Terra, a Lua, as Luas dos outros planetas.... Está fascinada com o tema!

Descobriu também a morte. Pergunta pelo vozinho que não conheceu. Quer saber pra onde vamos quando morremos. Muitas vezes associando os assuntos, pergunta se vamos pra outro planeta. E no final, pede sempre ao Papai do Céu pra deixar mamãe e papai viverem pra sempre.

É um momento de amadurecimento, mas ainda com muita fantasia, o que acho ótimo!

Enfim, vou parando por aqui, pois minhas meninas estão prestes a acordar neste dia festivo.

Desculpem-me pelo texto corrido, sem revisão, mas não podia me furtar a postar alguma coisa numa data como esta.

Finalizo aqui, com um texto da Lulu - "psicografado" por mim! Aliás, acho que é o primeiro texto que Lulu me pede pra escrever!

Alô Marcianos, tudo bem?

Como vocês estão?

Eu sou a Maria Luísa Campêlo Escaleira, tenho quatro anos e vou fazer cinco amanhã.

Quando crescer quero ser uma astronauta, daquele tipo que pode viajar no foguete junto com a mãe.

Minha mãe não vai ficar velhinha nunca, então não terei que tomar conta dela. Ela vai tomar conta de mim e eu estarei bem linda dirigindo o foguete que vai até aí conhecer vocês.

Meu planeta preferido é Saturno, mas como em Saturno não mora ninguém, estou escrevendo para vocês - os Marcianos. É bom, porque assim vocês já me conhecem e sabem de tudo o que eu gosto quando eu chegar aí.

Quando a gente recebe visita tem que ser bem legal, então sejam legais comigo. Não precisam me dar beijo, porque eu também não gosto de dar beijo quando chego aos lugares, mas precisam ser legais pra eu gostar de vocês também.

Eu gosto de comer nugget e comida com bastante caldinho, mas não sei se vocês têm isso por aí. Se não tiverem vou levar minha comida, tá bem?

Eu tenho uma mãe, um pai, uma irmã chamada Dudeca e muitas avós e avôs. Eu tenho uma bisa, com cabelo branquinho, mas cortaram o cabelo dela e não consigo mais pentear direito, nem prender tic tacs.

Eu moro na Terra e sou Terráquea. O azul da Terra é água e o verde são as árvores, mas tem muito mais azul do que verde quando vocês olham daí.

Aqui mora muita gente e a nossa pele não é verde como a de vocês. Por que vocês vivem escondidos e todo mundo diz que vocês não existem? 

Se vocês são bonzinhos não precisam ter medo!

Vocês têm "filhos crianças"?

Aqui na Terra tem muitos, mas eu não tenho nenhum, porque eu sou filha e os filhos daqui não tem filhos, porque são crianças.

A música que eu mais gosto é João e Maria, vou cantar aí pra vocês.

Gosto de histórias, filmes e Princesas. Ah... Eu sou a Branca de Neve!

Eu queria saber se a roupa do astronauta pode ser rosa, porque é minha cor preferida. Se não puder, pode ser amarelo, porque eu também adoro.

Um beijo pra vocês. Vou fazer todas as atividades da escola, pra ficar bem esperta e poder aprender a dirigir um foguete. Minha mãe diz que os astronautas estudam demais e eu estou prestando bastante atenção na aula da Roberta.

Vou pra minha cama agora e vou olhar pro céu pra tentar ver vocês daqui.

Um beijo, tchau, 

Maria Luísa.