Que valores passamos para os nosso filhos?
Será que na correria do dia dia e no meio da agenda lotada que nossos pequenos possuem, repleta de festinhas de amigos, peças imperdíveis e manhãs gostosas no parque não acabamos criando uma bolha onde convivem apenas crianças com a mesma realidade e as mesmas oportunidades deles.
A questão da criança e do adolescente no Brasil sempre me tocaram muito, muito antes de me tornar mãe.
Minha experiência nesta área me fez encarar a criança colocada em situação de risco. A criança que não encontra apoio naqueles que, por natureza, deveriam protegê-la - pai e mãe.
Pais e padrastos abusando dos filhos e mães que se calam, por uma dependência mais do que material, por dependência emocional.
O processo de adoção é sim, demorado, burocrático e cansativo. Testa a vontade, a ansiedade e os limites daqueles que querem um filho. Faz com que os candidatos à adoção possam muitas vezes resignificar o que é adotar.
A escolha do perfil - menina, branca, até 18 meses - enche os Abrigos e demais instituições de crianças lindas, cheias de amor, mas fora do perfil "mais buscado" pelos candidatos.
Há crianças que pulam de casa em casa, rejeitadas e devolvidas.
Há crianças rebeldes, como que a testar até que ponto vai o amor e a entrega daquele que a recebe.
Todo filho dá trabalho, tira o sono, faz malcriação quando não deve, te desobedece na casa daquela visita que não tem filhos e não sabe que faz parte.
Todo filho precisa de limites, precisa que alguém assuma o leme e o conduza.
Todo filho precisa que alguém o apresente ao NÃO e lhe dê a segurança de que não está sozinho, não precisa decidir tudo sempre.
As crianças são iguais na medida de suas desigualdades e por isso é de se esperar que uma criança rejeitada, maltratada, largada demore um tempinho a mais para se entregar.
A convite da minha amiga Carolina (Carol) fomos a uma comemoração de Páscoa no Educandário Romão Duarte. Teria sido mais uma das tantas visitas que já fiz a Abrigos e Orfanatos durante a minha vida, se não tivesse sido a primeira que fiz na companhia das minhas filhas.
Lulu e tia Carol
Lulu ficou maravilhada com uma casa tão grande onde moravam juntas tantas crianças e um tanto sem palavras quando descobriu que elas não tinham uma figura de mãe e pai presentes.
Passado o baque inicial de mau humor por ter tido um "sacolé" surrupiado pelo próprio pai, Lulu e Duda brincaram com todas as crianças, interagiram... Sem brigas, sem disputas, sem confusões (e olha que minhas duas moças não são nada fáceis).
Todos nós, adultos e crianças, percebemos cada um a seu modo como um pouco do nosso tempo, do nosso sorriso e do nosso cuidado pode levar alegria a alguém.
Vendo minhas meninas tão cheias de amor, de cuidados, de atenção pedi no meu íntimo que aquelas crianças ali conosco tivessem tudo isso também.
Estar ali com a minha família me fez uma pessoa melhor.
Alex, meu marido, que largou um tanto quanto contrariado a sua soneca da tarde, sorriu no meio dos meninos imitando o "Ben 10", comeu bolo de chocolate, roubou sorvete da própria filha e tenho certeza de que saiu de lá com a mesma sensação que eu.
Duda correu, brincou e pulou... Afinal, quando se tem 1 ano e 8 meses tudo é permitido, não importa o local!
Lulu brincou, fez amiguinhas e na hora de ir embora, concordou prontamente em dar a uma amiga o ovo de páscoa que tinha acabado de ganhar. Na ingenuidade de seus 5 anos, também quis dar um pouco mais de alegria a uma daquelas crianças... É uma semente plantada, fazer o bem, faz bem à gente também!
Carol, obrigada por nos proporcionar uma tarde tão linda! Nos próximos encontros estamos dentro e queremos ajudar mais!
Pra quem quiser conhecer a instituição, segue o link: http://www.romaoduarte.com.br/
Prontas pra voltar para casa... depois de uma tarde muito legal :)
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